sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

E não é que rolou o primeiro beijo entre homens das novelas brasileiras?

Walcyr Carrasco entra na história com beijo de Niko (Thiago Fragoso) e Félix (Mateus Solano) em “Amor à Vida”.

Depois de muita expectativa do público, finalmente aconteceu o primeiro beijo gay das novelas. Niko e Félix trocaram um momento de intimidade logo após uma declaração linda de amor. Quem diria que há 10 anos um momento parecido foi censurado pela mesma emissora, que optou por não exibir o beijo em “América”. Mas o evento só foi possível graças a aceitação do casal Niko e Félix.

Quebrado o tabu, agora é só esperar que os autores tenham menos medo de colocar os beijos entre personagens de mesmo sexo. “Em Família” vem aí com um casal lésbico, e Manoel Carlos pode muito bem colocar as duas moças lindas se beijando. Mais para frente, na próxima novela de Gilberto Braga, Nathália Thimberg e Fernanda Montenegro farão um casal de senhoras, mais uma oportunidade.

Para falar a verdade, torcemos para que aconteçam cada vez mais beijos. O mundo precisa de amor, e não de intolerância. E quanto mais beijos gays na televisão, menos eles serão chamados desse jeito.

Serão chamados apenas de “beijos”.

Sem trama consistente, cenas impactantes marcam Amor à Vida

Se um dia pedirem para resumir a trama central de Celebridade (2003) em uma linha, você diria que a história gira em torno da inveja e cobiça de Laura (Claudia Abreu) por tudo o que Maria Clara (Malu Mader) conquistou. Já a de Avenida Brasil (2012) é sobre a vingança de Nina (Débora Falabella) contra Carminha (Adriana Esteves). E até Salve Jorge (2012) tinha uma espinha dorsal bem definida: a da mocinha Morena (Nanda Costa) que tentava fugir das articulações da gangue de Livia Marini (Claudia Raia).

Agora, e Amor à Vida, qual foi sua trama principal? Seria a inveja que Félix (Mateus Solano) sentia pela irmã Paloma (Paolla Oliveira) e a sua vontade de conquistar o patrimônio familiar? Ou seria a história de Cesar (Antonio Fagundes), um pai homofóbico e de caráter dúbio que se deixou envolver pela ardilosa Aline (Vanessa Giácomo)? É difícil encontrar a trama central da primeira novela de Walcyr Carrasco para a faixa das 21 horas. No afã de abordar diversos temas, o autor espalhou histórias aos quatro ventos, desconfigurou características marcantes de seus principais personagens e o máximo que fez foi provocar risada do telespectador por causa de um texto infantil e inapropriado para o horário.

A novela ficará lembrada, sim, por cenas impactantes, como os inúmeros barracos à beira da mesa de jantar da família Khoury, as revelações sobre a homossexualidade de Félix, a descoberta por Paloma de que o irmão jogou sua filha numa caçamba de lixo, o parto da protagonista logo no primeiro capítulo e o beijo gay no último. Ainda que todos esses exemplos, à exceção do beijo, tenham aproximado a novela de um verdadeiro dramalhão mexicano.

E drama não faltou. Aproveitando que o cenário principal era um hospital, Carrasco quis abordar diversos temas: AIDS, alcoolismo, lúpus, obesidade, câncer. A nenhum deles, entretanto, deu profundidade. Foi raso.  E esses não foram os únicos erros.

Félix, um dos melhores personagens da novela e da teledramaturgia brasileira como um todo, começou a história como vilão cruel e acabou bonzinho. O talento de Mateus Solano, porém, ganhou o reconhecimento do público e os melhores diálogos de Amor à vida, ainda que a maledicência do personagem beirasse a infantilidade. Em contrapartida, Cesar, que teve um inspirado Antonio Fagundes como defensor, e Aline  foram ganhando camadas de personalidade, ao passo que Félix, ao tornar-se bonzinho na reta final da história, perdeu sua melhor qualidade: a vilania.

De resto, todas as outras histórias da novela e seus respectivos personagens soaram vazios. Até Valdirene não tinha densidade. O sucesso que teve foi graças à intérprete. Tatá Werneck saiu-se bem em um terreno que domina com comodidade, o do humor, e contou com a ajuda de Elizabeth Savalla (Márcia), que soube ir do riso ao drama como poucos outros do elenco. A entrada da personagem no Big Brother Brasil 14 foi um dos pontos altos, mas mais uma vez sobressaiu-se a habilidade da atriz com o improviso.

Amor à vida desperdiçou, ainda, o talento de grandes atores. Rosamaria Murtinho, Nathalia Thimberg, Eliane Giardini e José Wilker, por exemplo, ficaram de escanteio em uma trama na qual Félix reinou absoluto.

Uma das maiores recorrências na história foi colocar personagem falando sozinho, o que, reza os manuais de roteiro, é um recurso dos mais primários usados por roteiristas: para não ter de escrever, apenas coloca o personagem dialogando com a própria sombra.

Quanto às tramas paralelas, muitas delas giraram em círculos e não avançaram. É o caso de Perséfone (Fabiana Karla) e Daniel (Rodrigo Andrade), e do entedioso quarteto Michel (Caio Castro), Patricia (Maria Cassadeval), Silvia (Carol Castro) e Guto (Marcio Garcia). E o que dizer de Nicole (Marina Ruy Barbosa)? Virou piada pronta na internet. Pudera: em uma trama realista, inserir uma garota fantasma não tinha o menor cabimento.

Mas não se pode dizer que todas as tramas foram desprezíveis. Eron (Marcello Antony), Niko (Thiago Fragoso) e Amarylis (Danielle Winits) foram ganhando importância ao discutirem a questão da barriga solidária e a formação de uma família homoafetiva. Nesse quesito, Amor à vida tem o mérito de ter ido além de outras novelas e, não à toa, Niko foi alçado à condição de “heroína”, tendo o final feliz ao lado de Felix, o regenerado. O beijo gay do final foi, sem dúvida, o maior avanço da história, que ficará marcada por tal fato.

O autismo, ainda que tenha sido tratado de forma lírica, teve com Linda (Bruna Linzmeyer) um destaque importante. A atriz fez um excelente trabalho de construção de personagem. Pena que o texto não tenha ajudado a ir além de cenas idílicas. Os evangélicos também receberam um tratamento nada estereotipado, fugindo daquela visão de que são todos fanáticos.

Já a direção caprichada de Mauro Mendonça Filho procurou fugir do padrão “enquadradinho” das novelas, imprimiu um ritmo clipado a diversas cenas, escolheu uma fotografia bonita para as imagens de São Paulo que serviam de cenário, mas uma boa embalagem não sustenta um presente frágil. E Amor à vida foi isso: uma novela frágil. Que venha Manoel Carlos mas que venha melhor do que em Viver a vida, sua última novela, porque senão o telespectador é bem capaz de dormir na frente da televisão. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

"A Escrava Isaura" será exibida no canal Fox Life em 2014

Um dos maiores sucessos da dramaturgia da Record, "A Escrava Isaura" é uma das atrações confirmadas para o canal Fox Life em 2014.
 
A novela, que foi adaptada por Tiago Santiago e dirigida pelo já falecido Herval Rossano, foi anunciada na festa de 20 anos do Grupo Fox, que foi realizada na terça-feira passada (01) em São Paulo.
 
Outra novidade a respeito da produção é que será exibido um final inédito. Na época, vários desfechos foram gravados quanto à identidade do assassino do vilão Leôncio, interpretado por Leopoldo Pacheco.
 
"A Escrava Isaura" já foi exibida pela Record em três ocasiões. Além da versão inédita, em 2004, no horário nobre (19h), houve reprises em 2005, na faixa das 22h, e em 2006, às 14h.
 
Em seu elenco estão nomes como Bianca Rinaldi, Patrícia França, Theo Becker, Renata Dominguez, Caio Junqueira, Mayara Magri, Deo Garcêz, Ewerton de Castro, Jackson Antunes e Rubens de Falco (que teve nesta sua última novela, sendo que seu falecimento veio a ocorrer em 2008).
 
Em tempo:
 
Esta não é a primeira vez que a Fox Life reprisará novelas da Record. Em 2006, o canal exibiu "Essas Mulheres", de Marcílio Moraes, Bosco Brasil e Cristianne Fridman.